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Roraima

Com fronteira fechada na véspera da eleição, migrantes da Venezuela entram no Brasil por rotas clandestinas

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O cenário é semelhante ao de outras vezes em que a fronteira foi fechada. Com militares da Guarda Nacional Bolivariana posicionados na linha entre os dois países, não havia movimento de pessoas no local até às 11h (12h de Brasília) deste sábado (27).

Marcadas para este domingo, a eleição na Venezuela tem na disputa Nicolás Maduro, que tenta se manter no poder pelo terceiro mandato seguido, e o opositor dele, o diplomata Edmundo González, que se tornou candidato de última hora e diz acreditar na vitória.

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A fronteira está fechada desde essa sexta-feira (26) e só vai reabrir na segunda (29). Vigiada por militares e carros oficiais venezuelanos, cones bloqueiam a passagem de carros e motos no ponto onde as bandeiras brasileiras e venezuelanas dividem espaço. Na cidade de Pacaraima, o movimento segue tranquilo.

ℹ️ No posto de triagem da operação Acolhida, que atende os migrantes que chegam ao Brasil, o trabalho também segue normal. Na unidade é ofertado o serviço de vacina e regularização de documentos migratórios. O g1 observou uma fila de ao menos 100 migrantes à espera de atendimento nesta manhã.

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Exército da Venezuela fecha fronteiras a dois dias da eleição

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‘Não vou votar’

Um dos migrantes venezuelanos que cruzou a fronteira às vésperas das eleições pelas trochas — como são chamadas as rotas clandestinas — foi o comerciante Roger Rodriguez, de 28 anos. Natural de El Tigre, cidade venezuelana do estado de Anzoátegui, ele disse andou por cerca de dois dias até chegar a Pacaraima.

Migrante Roger Rodriguez atravessou para o Brasil por rota clandestina — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

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Roger Rodriguez decidiu encarar a rota clandestina porque soube que esta seria a única maneira de entrar no Brasil neste fim de semana de eleição.

“Vim procurando uma vida melhor, vim pra trabalhar. Vim pelas trochas por que está fechado a fronteira, foi a única forma. Pelas trochas tudo está normal”, disse o comerciante ao g1. Em nenhum dos lados fronteiriços havia presença de policiais ou fiscalização nas rotas clandestinas.

Ele disse ainda que não tem interesse em participar da eleição. “Não vou votar. Estou aqui em Pacaraima, quero ficar no Brasil, ter uma vida melhor pra minha família”.

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Yasorajaa Rodriguez, de 53 anos, era camareira na Ilha de Margarita, mas decidiu migrar para o Brasil — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

A migrante Yasorajaa Rodriguez, de 53 anos, era camareira na Ilha de Margarita, na Venezuela. Ela chegou ao Brasil na última quarta-feira (24), mas neste sábado ainda aguardava atendimentos iniciais no posto de triagem da Acolhida.

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“As pessoas continuam vindo mesmo com a fronteira fechada. As trochas são sempre movimentadas. Venezuelanos passam o tempo inteiro querendo uma vida melhor”, disse Yasorajaa.

Yasorajaa deixou família em Margarita. A irmã ainda vive na ilha, mas o filho dela foi interiorizado para São Paulo. Com saudades, a ideia dela é encontrá-lo na metrópole brasileira.

“Não vou votar. Aqui no Brasil quero ter oportunidades. Não sei se vou precisar voltar para a Venezuela, mas não estou me importando com as eleições. Aqui, ninguém se importa na verdade”, disse.

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Natural de Anzoátegui, o migrante Carlos Mendonza tem 35 anos, mora há 10 anos Brasil. Ele vive de limpar quintais em Pacaraima e também não vai votar. Mas, diz que tem esperança em mudanças significativas na gestão venezuelana.

“O que queremos é que nosso país tenha mais trabalho, mais oportunidade para não precisar vir para o Brasil”, resumiu.

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Migrante Carlos Mendonza tem 35 anos e vive há 10 no Brasil — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

Em meio a tudo isso, há ainda aqueles migrantes que tentam ir à Venezuela de última hora, mas não tem conseguido. Foi o caso de uma professora de 51 anos. Nesta manhã, ela tentou atravessar para a cidade venezuelana de Santa Elena, mas foi barrada.

A intenção dela era voltar para um atendimento médico que teve há alguns dias. “Fiz uma cirurgia na boca, infeccionou e queira ir ao médico, mas os militares disseram que a fronteira está fechada até segunda. Terei de esperar”, disse ela, que mora há quatro anos em Pacaraima.

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Marcada pela polarização e pela tensão, a campanha na Venezuela chegou ao fim nessa quinta-feira (26). Maduro chegou a dizer que uma vitória da oposição, liderada por María Corina Machado com a candidatura de Edmundo González, poderia desencadear um “banho de sangue” no país.

Com o aumento da tensão política, o Brasil reforçou os postos de atendimento na fronteira com o país, nos estados de Roraima e do Amazonas. Serviços de inteligência, como o da Polícia Federal, vêm informando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a evolução dos acontecimentos no país vizinho.

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Professora migrante volta ao Brasil após ser barrada de entrar na Venezuela por militares — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

Migração venezuelana para o Brasil

Desde 2015, quando a inflação na Venezuela escalonou e se tornou a pior do mundo e o país passou a enfrentar problemas socioeconômicos sob o comando de Maduro, milhares de migrantes começaram a fugir do país. Um dos destinos mais procurados foi o Brasil – em quase 10 anos de migração, se tornou o terceiro país com a maior população de venezuelanos na América Latina.

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No Brasil, a porta de entrada de migrantes é Roraima, especialmente na fronteira com Pacaraima. Brasil se tornou o terceiro país com a maior população de venezuelanos na América Latina.

Para se ter ideia, Roraima recebeu o maior número de pedidos de refúgio no ano passado: 71.198 Desses, 67.914 (95%) foram de migrantes venezuelanos.

Desde janeiro de 2017, quando o governo federal passou o monitorar o fluxo migratório, 1.092.467 migrantes venezuelanos entraram no Brasil. O levantamento é da operação Acolhida, força-tarefa criada pelo governo federal para atender venezuelanos que entram no Brasil.

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➡️ Atualmente, o fluxo diário de entrada pela fronteira é de cerca de 400 pessoas. São ao menos 12 mil migrantes por mês. A estimativa é de que 10 a 12% saiam do país, alguns por conta própria, outros pelo programa de interiorização do governo. O restante fica no Brasil, não necessariamente em Roraima.

Nos último dias, no entanto, a operação Acolhida, registrou um aumento no número de venezuelanos que chegam ao Brasil, informou o blog do Valdo Cruz.

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Cidade de Pacaraima tem movimento tranquilo na véspera da eleição 2024 na Venezuela — Foto: Caíque Rodrigues/g1 RR

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